Primeira edição da I Wann Be Tour no RJ

I Wanna Be Tour RJ: festival reúne nomes da cena emo dos anos 2000 e prova que tudo foi mais que uma fase

Acontecendo de forma inédita, o festival I Wanna Be Tour chegou para o público brasileiro como a materialização de um sonho, pois muitos fãs já desejaram ver grandes shows de bandas renomadas no cenário pop punk ou emo juntas em um só lugar.

Com alguns grupos no line-up familiarizados com a plateia brasileira e outros vindo pela primeira vez conquistar o coração do público mais amoroso do planeta, o evento foi realizado neste domingo (9) no Rio de Janeiro recebendo a presença de nomes que muito se ouvia falar entre os fãs alternativos anos atrás.

Foram eles: Simple Plan, All Time Low, A Day To Remember, Asking Alexandria, Mayday Parade, The All-American Rejects, The Used e Plain White T’s, além dos brazucas Pitty, Nx zero e os queridos do Fresno. Um dos pontos que se pode destacar no evento antes de comentar sobre os shows, é falar sobre acessibilidade, a área reservada para pessoas com deficiência (PCD).

Pensar em inclusão é urgente e sempre tratar desse assunto é necessário, pois deve-se considerar que pessoas com deficiência e mobilidade reduzida precisam de acomodações especiais para aproveitar o melhor do evento, que estava em conformidade com as normas da NBR 9050.

FRESNO

Devido ao grande volume de bandas tocando, a programação ficou dividida entre dois palcos: “It’s not a phase” e “It’s a lifestyle”. O grupo responsável por abrir o festival e fazer a alegria do público que chegava em peso desde cedo ao pavilhão do Riocentro foi a Fresno.

Créditos: Thaís Monteiro / @thaclicando

Difícil acreditar que uma banda com duas décadas de história e tão popular quanto o grupo gaúcho viva atualmente “o maior momento de sua carreira”, como disse o vocalista e guitarrista Lucas Silveira. Após subir ao palco pontualmente às 11h sob o sol forte, Lucas mostrou porque, de fato, está vivendo o relatado.

No show, os primeiros acordes de “Quebre as correntes” deixou claro que não é qualquer grupo que pode encher um lugar de eventos tão facilmente e em um horário tão cedo, tal qual teve até o apelido carinhoso entre os fãs de “café da manhã com a Fresno”.

Assim, em tão pouco tempo de apresentação, Lucas e companhia encaixaram hit atrás de hit, como “Já faz tempo”“Desde quando você se foi” e “Casa assombrada”, que teve participação da galera do Plain White T’s, que subiu ao palco logo depois dos brasileiros.

PLAIN WHITE T’S

Pela primeira vez no Brasil, a turma do Plain White T’s quis mostrar que estava feliz com a vinda, que incluiu até uma música que nunca foi tocada ao vivo, mas que é muito popular por aqui: “Natural Disaster”. Não bastando a surpresa, o vocalista Tom Higgenson convidou a cantora Day Limns para participar da música “Hey There Delilah”, antes de fechar a apresentação com “Rhythm of Love”.

Créditos: Thaís Monteiro / @thaclicando

MAYDAY PARADE

Seguindo a programação do dia, outra banda que estava retornando às terras tupiniquins, após um longo período de 12 anos, foi a galera do Mayday Parade, que sacudiu a galera com seu pop punk. De início, já dava para saber que seria um show para lá de empolgante, logo quando o vocalista subiu no palco descalço cantando “Oh Well, Oh Well”, seguida por “More Like a Crash” e “Anywhere but Here”.

A performance espetacular torna difícil até de acreditar que as músicas tenham mais de uma década. Os guitarristas Alex Garcia e Brooks Betts, por exemplo, correram entusiasmados de uma ponta a outra do palco, tocando furiosamente seus instrumentos, assim como o baterista Jake Bundrick conduziu sua bateria como se sua vida dependesse daquilo.

Créditos: Thaís Monteiro / @thaclicando

No momento em que as duas últimas faixas chegaram ao setlist, o Mayday Parade conquistou de vez o público, e pelos sorrisos radiantes da banda parecia que o sentimento era mútuo. “Jersey” e “Jamie All Over” fecharam o repertório da apresentação. Neste ponto, cada fã presente estava cantando sozinho.

As pessoas até poderiam estar lá para ver o Simple Plan e algumas outras bandas, mas as duas ultimas músicas do set do Mayday são básicas nas playlists de qualquer um que ouve pop punk ou algo parecido com o estilo.

Com vocais melancólicos e angustiados e letras correspondentes, ambas as canções incorporam exatamente o que o público estava procurando no festival: um lançamento catártico e uma viagem ao passado até 2007, quando a vida era, talvez, um pouquinho mais fácil.

PITTY

Agora de volta aos nacionais, nossa musa baiana do rock Pitty, acompanhada de sua banda, trouxe ao palco do I Wanna Be Rio sua turnê comemorativa dos 20 anos do icônico disco de estreia Admirável Chip Novo e que vem rodando o Brasil. Ela chegou logo com pé na porta ‘atirando a primeira pedra’ e abrindo o show com o sucesso “Teto de Vidro”, para depois desfilar uma sequência de sucessos, como “Admirável Chip Novo” e “Anacrônico”.

Créditos: Thaís Monteiro / @thaclicando

De fato, onde Pitty toca sempre tem o público nas mãos. Dessa forma, após pouco mais de uma hora de show, o público não precisou esperar a cantora ir embora para perceber o quanto a idolatra. Até por que durante a execução de “Me Adora”, a baiana fez uma homenagem à Kathleen Hanna, artista pioneira do movimento feminista punk riot grrrl que comandou as bandas Bikini Kill, entre 1990 e 1997, e Le Tigre,  nos anos 2000.

Logo depois, Pitty pediu para que algumas mulheres subissem ao palco para fazer coro e cantar junto com ela, já que no dia anterior havia sido comemorado o Dia Internacional da Mulher. Junto de suas fãs soltando a voz, mostrando para o mundo o poder feminino, não haveria outra maneira de se encerrar o show.

BOYS LIKE GIRLS

A quinta atração teria de fazer de tudo para manter o astral no topo depois da performance arrebatadora de Pitty. No palco, o Boys Like Girls cumpriu o desafio e retornou ao Brasil após 13 anos de espera sob o comando do vocalista Martin Johnson, que estava vestido de cowboy com uma tipoia no braço.

O adereço em nenhum momento atrapalhou a apresentação do grupo, que chegou cheio de energia e gás, trazendo músicas como “Thunder”, “Hero/Heroine” e “Two is Better Than One”. No entanto, foi em “The Great Escape” que as pessoas mais pularam e cantaram a plenos pulmões, ainda mais depois do refrão, quando Martin pediu para o público guardarem seus celulares para “aproveitar o momento”.

Assim, todo mundo fez uma viagem nostálgica no tempo diretamente para 2006, e até que funcionou muito bem.

Créditos: Thaís Monteiro / @thaclicando

ASKING ALEXANDRIA

Por sua vez, fugindo um pouco do emo e pop punk, o Asking Alexandria era quem ditava as regras no palco. Liderando o ataque, o guitarrista Cameron Liddell e o baixista Sam Bettley levantaram os braços para fazer a multidão pular. “Closure” foi a faixa de abertura, com o baterista James Cassells começando sozinho com chutes fortes no bumbo.

Porém, nada estava completo até que o vocalista Danny Worsnop chegasse com sua voz impactante. A banda, na sequência, tocou músicas como “Dark void”, “Someone, Somewhere”, em uma versão mais acústica, e “Alone in a Room”, que foi a última do repertório.

Créditos: Thaís Monteiro / @thaclicando

THE USED

Sem demorar muito, o foco do festival voltou direcionado emo/pop punk, até porque boa parte do público era bem fiel a estes gêneros. Com isso, o The Used surgiu em cena repleto de empolgação, e a recíproca do público veio em forma de roda punk, como forma de potencializar ainda mais o final da tarde. Depois, o grupo executou “A Box Full of Sharp Objects” e até uma cover para “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana.

Créditos: Thaís Monteiro / @thaclicando

All Time Low

A banda All Time Low, com Alex Gaskarth nos vocais e guitarra e Jack Barakat na guitarra e vocais de apoio, provou que seu carisma só parece aumentar com o tempo. Passando por músicas de todos os discos do grupo, como “Time Bomb“, “Monsters” e o mega hit “Dear Maria, Count Me In”, o All Time Low escreveu mais um capítulo em sua história e nas vidas de cada um dos fãs que esperaram por quase nove anos pelo reencontro.

Créditos: Thaís Monteiro / @thaclicando

THE ALL-AMERICAN REJECTS

Assim como o festival, que chegava de forma inédita, a galera do The All-American Rejects estreou no Brasil com uma performance inesquecível. Apresentando um dos melhores shows do evento, eles iniciaram a apresentação com “Swing, Swing” seguida por “My Paper Heart”, os dois primeiros singles do álbum de estreia autointitulado da banda.

O público se agarrou a cada letra durante todo o set de 13 músicas, mas foi mesmo em “Dirty Little Secrets” que o local veio abaixo e dificilmente teve uma voz que não tenha cantado junto a canção ao vivo. Mais tarde, o bis teve “Move Along” e “Gives You Hell”, deixando os espectadores satisfeitos e transbordando de animação.

Créditos: Thaís Monteiro / @thaclicando

A química entre membros certamente o levará de volta ao ponto em que você estava quando se apaixonou pelo The All-American Rejects. Porém, quem roubou a cena como ninguém foi o vocalista  Tyson Ritter, provando ser um excelente frontman com uma das melhores presenças de palco.

Créditos: Thaís Monteiro / @thaclicando

NX ZERO

Um dos maiores nomes da cena emo nacional, o Nx Zero comandou um verdadeiro mar de gente com fãs empolgados que cantaram a plenos pulmões sem cansar. Quando Di Ferrero perguntou para galera se aquele era seu primeiro show da banda, já dava para imaginar tamanha emoção de muita gente vendo eles ali pela primeira vez.

A performance foi aberta com a clássica “Além de Mim” e o show foi marcado por consolidar inegavelmente o NX como uma das maiores bandas do Brasil, provando sua relevância e mostrando que eles continuam atingindo todas as idades.

Finalizando sua turnê de reunião “Cedo ou Tarde”, o grupo desfilou hits como “Pela Última Vez”, “Onde Estiver” e “Razões e Emoções”. Para completar, os shows da I Wanna Be Tour marcam o início da nova fase do grupo, intitulada de “Um Pouco Mais” que, como o próprio nome sugere, estenderá a excursão da banda.

Crédito: Thaís Monteiro / @thaclicando

Créditos: Thaís Monteiro / @thaclicando

Caminhando para o fim das apresentações no Riocentro, o A Day To Remember, que tanto no Rio de Janeiro quanto nas outras cidades era umas das performances mais aguardadas, fez um show impecável e de alto nível. Com tudo o que se tem direito, o grupo apresentou músicas como “Degenerates”, “Have Faith in Me”, “Miracle” e “Resentment”, além da famosa “Mr. Highway’s Thinking About the End”.

SIMPLE PLAN

Devido à forte chuva, o show do Simple Plan, que estava previsto para acontecer por volta de 22h, teve um atraso de 30 minutos, já que os fortes ventos atrapalhavam a montagem de equipamentos, molhando até boa parte do palco, e a iminência de raios botava o público em perigo.

Assim que a chuva deu uma “trégua”, a banda de Pierre Bouvier apareceu diante da plateia esbanjando simpatia e demonstrando sua felicidade por estar de volta ao Brasil após seis anos. O grupo se sentiu em casa ao som de “I’d Do Anything” e “Shut Up”, que abriram a apresentação, e logo Bouvier arriscou algumas palavras em português para convidar os fãs a pularem em “Jump”.

Estabelecendo um equilíbrio hábil entre nostalgia, relevância cultural atual e a necessidade de garantir que todos os presentes estivessem se divertindo durante a chuva que ia e voltava, o Simple Plan provou ser um nível da realeza pop punk que muitos presumiram que talvez eles não alcançassem.

Enquanto exploravam as canções favoritas do público, como “When I’m Gone”, “Welcome to My Life” ou “I’m Just A Kid”, os canadenses abrigavam o talento, a habilidade e a longevidade que os consolidaram como uma das grandes bandas do gênero.

O Simple Plan ainda fez um medley de “All Star” (Smash Mouth), “Sk8er Boi” (Avril Lavigne) e “Mr. Brightside” (The Killers), seguida de uma merecidíssima homenagem aos Mamonas Assassinas tocando “Vira Vira” com a presença especial de Ruy Brissac, cantor e ator que interpreta Dinho no filme dos Mamonas Assassinas – O Filme (2023).

Por fim, a felicidade que transbordava durante todo o dia de shows se misturou com a tristeza pela morte de João Vinícius Ferreira, jovem que foi atingido por um raio durante a apresentação do A Day To Remember e não resistiu à descarga elétrica que recebeu ao encostar em um cabo de alta tensão de um dos Food’s Trucks que estavam no evento.

Nós da Glow Pop Brasil lamentamos profundamente a perda do fã de música e manifestamos nossos sentimentos a todos os familiares e amigos. Apesar da tragédia, o IWBT RJ foi inesquecível e significativo para quem esteve presente, assistindo a shows de bandas que atravessaram gerações e que viverão a nostalgia da cultura em seu mais puro sentimento.

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