Fall Out Boy na I Wanna Be Tour SP

I Wanna Be Tour mostra que o emo segue vivo no cenário nacional

Depois de ser realizado em Curitiba, no Paraná, no dia 23 de agosto, o festival I Wanna Be Tour em 2025 aconteceu no último sábado (30) no Allianz Parque, em São Paulo, recebendo nomes de peso tanto nacionais como internacionais.

O line-up contava com Forfun, Fake Number, Fresno, Dead Fish, Yellowcard, Good Charlotte, Fall Out Boy e outras bandas de grande referência na cena emo do início do século. A energia tomou conta de quem estava presente no estádio na capital paulista, fazendo com que os fãs pudessem realmente sentir toda aquela nostalgia de quando se escutava essas mesmas canções no MP3 nos anos 2000.

Os palcos, aliás, seguiram o mesmo padrão da última edição do evento, sendo divididos em duas estruturas uma ao lado da outra. Foram eles: “It’s not a phase” e “It’s a lifestyle”. Confira a seguir detalhes de cada apresentação que contagiou o público em São Paulo!

Fake Number

Crédito: Murilo Amâncio

Abrindo o palco “It’s a Lifestyle”, a Fake Number fez a sua volta triunfal no festival I Wanna Be Tour e mostrou que não só de memórias se vive o emo. Grata surpresa para os fãs que não esperavam seu retorno, a banda abriu o dia com muita energia, vontade de tocar e um sentimento único em poder reencontrar seu público em um estádio com a proporção do Allianz Parque, cantando clássicos como “…Você Vai Lembra”, “ Aquela Música” e “Primeira Lembrança”.

A vocalista Elektra também aproveitou o espaço para destacar a importância de ter mulheres na indústria da música e fez um discurso poderosíssimo sobre o cenário. Para quem acompanhou a banda nos anos 2000, foi o momento de reviver toda uma história, tanto os fãs quanto a própria banda.

Gloria

Crédito: Murilo Amâncio

Abrindo o palco “It’s Not a Phase”, o Gloria reafirmou sua condição de força motriz do metalcore brasileiro. O show, iniciado pontualmente às 12h, teve como ponto alto a participação especial de Lucas Silveira (Fresno) na faixa “Horizontes”, parceria que já nasceu emblemática no estúdio e ganhou força monumental ao vivo.

O estádio transformou-se em um cenário metálico pulsante, com rodas punk abrindo espaço na pista e sinalizando a energia que guiaria o restante da noite. A harmonia melódica entre o vocalista Mi Vieira e Vini Rodrigues trouxe um equilíbrio sonoro, enquanto um carregava uma potencia na voz, o outro conduzia com leveza o vocal secundário, mas sem perder a essência do rock. 

Neck Deep

Crédito: Murilo Amâncio

Com uma energia surreal, a Neck Deep iniciou as participações internacionais no festival e fez um show cheio de energia, interações com o público brasileiro e uma entrega intensa, até mesmo fofa, do vocalista Ben Barlow, que parecia muito contente por estar ali, assim como todo o restante da banda.

O setlist contou com canções como “She’s a God” e “December”, tendo direito a mosh em algumas partes do show. Nos momentos finais, o vocalista se mostrou bastante emocionado antes de performar a canção “Bloom” e foi ovacionado pelo público presente, principalmente ao erguer uma bandeira do Brasil entregue por um fã da banda com os dizeres: “Neck Deep Generic Pop Punk”. Por si só, o grupo foi pura vibração, deixando até quem não os conhecia empolgados com sua performance.

Story of the Year

Crédito: divulgação

O Story of the Year subiu ao palco com a força de duas décadas de carreira e mostrou porque continua relevante no pós-hardcore/emo, retornando ao Brasil em 2025 após 12 anos. O público vibrou ao som de hits como “Until the Day I Die” e “Anthem of Our Dying Day”, além de faixas como “And the Hero Will Drown” e “Sidewalks”, que transformaram o estádio em corais coletivos.

Entre riffs cortantes, interação constante e energia de sobra, a banda provou que seu legado não pertence apenas ao passado: segue vivo e conquistando tanto os fãs veteranos quanto uma nova geração no Brasil.

The Maine

Crédito: Maurício Amâncio

O The Maine, uma das mais aguardadas pela nova geração no palco “It’s a Lifestyle”, já entrou mostrando ao que veio, com uma banda de peso e cheia de presença de palco, incluindo todos os seus membros. O show foi uma verdadeira diversão e o grupo se entregou do começo ao fim, assim como a plateia que cantou e dançou a plenos pulmões todas as músicas.

O vocalista John O’Callaghan buscava interagir o tempo todo com o público, inclusive com os fãs que estavam um pouco mais longe, os convidando a dançar. O setlist contou com faixas como “Touch”, “Don’t Come Down” e “Am I Pretty”. Um dos melhores momentos da apresentação foi quando John se jogou ao público durante uma das músicas e cantou junto aos fãs, além de ter chamado dois deles para cantar no palco.

Dead Fish

Crédito: Henrique Augusto

Com o Dead Fish, o eixo estético do palco deslocou-se para o hardcore brasileiro de discurso explícito e pulsação política, transformando o palco em sinônimo de resistência. O vocalista Rodrigo Lima conduziu a plateia com intensidade, incentivando rodas punks e interações que transformaram cada canção em um ato coletivo de catarse.

Faixas clássicas como “Sonho Médio” e “Zero e Um” emocionaram tanto fãs veteranos quanto novos espectadores. A presença do Dead Fish funcionou como antídoto contra a idealização do passado: letras como manifesto, moshs honestos e um senso de urgência que se traduziu em plateia em movimento constante.

The Veronicas

Crédito: Maurício Amâncio

Pela primeira vez no Brasil, a dupla australiana The Veronicas finalmente pisou por aqui e fez um show cheio de danças, performances, energia e uma alegria visível por estar em nosso país. Com uma fan base enorme que estava presente para ver o duo, a plateia pareceu curtir tanto quanto as gêmeas Jessica e Lisa Origliasso, que agradeceram o tempo todo por terem sido tão bem recebidas em solo brasileiro.

Com um setlist que foi de “Take me on the floor” e “When It All Falls Apart” a “Lolita”, a dupla fez o estádio se transformar em uma verdadeira pista de dança e colocou todo o público para dançar. Ao encerrar o show, a banda fechou com seus maiores clássicos, “4ever” e “Untouched”, em um desfecho fez todos esses 20 anos de espera valerem a pena.

Além de cantarem seu maior clássico segurando a bandeira do Brasil, Jessica e Lisa demonstraram todo amor e carinho que receberam do público durante sua passagem pelo país.

Forfun

Crédito: Maurício Amâncio

O Forfun retornou ao grande circuito com uma apresentação afinada e comunicativa, mesclando groove, reggae-rock e rock alternativo sem perder densidade musical. Com um setlist que atravessou gerações, incluindo faixas como “Hidropônica”, “Good Trip”, “História de Verão” e “Constelação Karina”, a banda alternou momentos de catarse e dança, envolvendo o público do Allianz Parque.

Durante toda a performance, os integrantes sustentaram o show com muita música e carisma, entrosando uns com os outros no decorrer da apresentação, evidenciando que a performance vai além da profissão: é diversão, celebração coletiva e conexão intensa com a plateia.

Fresno

Crédito: Murilo Amâncio

Tendo finalmente seu momento de glória merecido, depois de abrir o festival na edição do ano passado, a Fresno se apresentou em horário nobre com um repertório repleto de hits que fizeram com que todo o estádio cantasse do começo ao fim.

Mostrando que a banda não ficou somente na nostalgia, a Fresno cantou hits como “Quebre as correntes”, “Deixa o tempo” e “Casa Assombrada”, fazendo um passeio por toda sua trajetória musical, entregando um show digno de todo o sucesso que a banda tem feito até os dias de hoje, sendo uma das mais renomadas do emo no Brasil.

Momentos como “Eu sou a maré viva” e “Desde quando você se foi” fizeram o público ir ao delírio e formar um coro coletivo que, ao final do show, deixou Lucas extremamente emocionado, encerrando a performance com um agradecimento por todo o carinho e um lindo discurso sobre como toda a trajetória da banda os levou até ali.

Yellowcard

Crédito: Murilo Amâncio

Entre os internacionais, o Yellowcard confirmou sua vocação para o grande palco ao tratar o violino como assinatura e não como adereço. A banda abriu o set com uma incorporação da música tema de Top Gun (1986) e entregou um compêndio de fases que orbitam “Ocean Avenue”, mas que hoje soam mais amplas que o estereótipo “pop-punk com violino”: “Only One”, “Way Away”, “Lights and Sounds” e cortes mais recentes redesenharam a linha do tempo do grupo.

A banda, na I Wanna Be Tour SP, entregou um repertório sólido, com execução cuidadosa, mas a recepção acabou sendo relativamente morna em comparação às apresentações nacionais que incendiaram o Allianz Parque com maior intensidade. A diferença, no entanto, não diminuiu o valor da performance: pelo contrário, evidenciou que o público brasileiro responde de forma calorosa tanto aos nomes locais quanto aos internacionais, mostrando que a cena nacional não perde em nada para os gigantes estrangeiros.

Ainda assim, o Yellowcard lembrou que o pop-punk pode ser melódico sem perder impacto físico e que arranjo e performance, bem calibrados, fazem a diferença em arenas abertas.

Good Charlotte

Crédito: Murilo Amâncio

O Good Charlotte se apresentou na I Wanna Be Tour 2025 no Allianz Parque diante de um público que acompanhou cada momento do show. No palco “It’s a Lifestyle”, a banda iniciou a apresentação às 20h35 e passou por um repertório que uniu o passado e o presente de sua carreira. Dessa forma, as músicas mais esperadas não ficaram de fora.

“The Anthem” e “Lifestyles of the Rich & Famous”, por exemplo, transformaram o estádio em um grande coro, mostrando a força das canções que marcaram os anos 2000. Já “Hold On”, carregada de emoção, foi um dos pontos altos da performance, criando um momento de conexão entre banda e plateia. Entre as faixas do álbum mais recente, Motel Du Cap (2025), se destacaram “Rejects” e “Stepper”.

Durante o show, os irmãos Joel e Benji Madden demonstraram entusiasmo por voltarem ao Brasil. Entre uma música e outra, eles agradeceram a energia do público e destacaram a felicidade de tocar novamente em São Paulo, cidade onde a banda já construiu memórias em outras turnês. O clima de gratidão foi sentido na interação constante com os fãs, que respondiam com intensidade a cada refrão.

O Good Charlotte, por fim, reafirmou seu papel no cenário pop punk ao entregar um show que celebrou sua trajetória, apresentou novidades e reforçou a ligação duradoura com os fãs brasileiros.

Fall Out Boy

Crédito: Thaís Monteiro

Como headliner, o Fall Out Boy amarrrou o arco dramatúrgico do palco com uma produção já testada em circuitos internacionais: abertura cinematográfica, pirotecnia pontual e um roteiro de hits pensado para acionar memórias sem cair em “show de lembranças”. O público foi conduzido por hinos como “Grand Theft Autumn/Where Is Your Boy”, “Centuries” e “Thnks fr th Mmrs”, além de sucessos recentes como “Uma Thurman” e “My Songs Know What You Did in the Dark (Light Em Up)”, sem deixar de fora a intensidade de “Love From the Other Side”.

O single “Sugar, We’re Goin Down”, lançado em 2005 como primeiro single de From Under the Cork Tree, é considerado um marco na consolidação da “terceira onda emo” e um dos principais catalisadores da popularização do gênero no mainstream, impulsionando o Fall Out Boy ao estrelato e ampliando consideravelmente o público do emo pop. A faixa, ao vivo, constitui um momento emblemático dentro de qualquer show do Fall Out Boy, sendo capaz de transformar a performance em uma experiência coletiva de grande intensidade emocional. No Allianz Parque, a música ecoou pelo estádio, reverberando tanto a nostalgia quanto a relevância atual da faixa.

Entretanto, apesar do peso histórico e da condição de atração principal, a apresentação careceu de maior engajamento com o público, algo que bandas como The Maine souberam explorar com proximidade e entrega emocional. Ainda que o show tenha se mantido distante em termos de interação direta e sem longos discursos à plateia, o desfecho trouxe a proximidade de Pete Wentz, que se diregiu ao público para performar “Saturday”, reacendendo o calor humano e selando a noite em conexão com os fãs.

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