Créditos: Tenho Mais Discos Que Amigos
O festival Punk is Coming!, realizado no Allianz Parque, em São Paulo, no dia 8 de março de 2025, foi um evento marcante para os fãs de punk rock e suas vertentes. Com um lineup diversificado, o festival trouxe desde bandas icônicas do gênero até novos nomes que estão conquistando espaço na cena mundial.
No último dia 8 de março, o Allianz Parque, em São Paulo, transformou-se em um verdadeiro templo do punk rock, recebendo uma das edições mais aguardadas do ano: o festival Punk is Coming. O Allianz Parque, tradicionalmente palco de grandes shows, foi o cenário perfeito para essa verdadeira explosão de energia e rebeldia.
Com uma line-up que refletia a diversidade e o vigor do gênero, o evento não só celebrou a história do punk, mas também deu espaço para as novas gerações de artistas. A presença de bandas como The Offspring, Rise Against, The Damned, Sublime, Amyl and the Sniffers e The Warning não foi apenas uma homenagem às raízes do punk, mas também uma prova de que o espírito rebelde e energético do gênero continua a evoluir. Cada banda trouxe uma proposta única, mas todas compartilharam a mesma essência: a urgência da juventude, a reflexão sobre o mundo ao redor e a liberdade de expressão.
A decisão de uma pista única, sem divisões entre áreas VIP e pista comum, foi um dos grandes acertos do evento, garantindo um ambiente mais democrático e intenso para o público.
Amyl and the Sniffers: Energia e Atitude Feminina no Punk Rock
Formada em Melbourne, Austrália, Amyl and the Sniffers é liderada pela carismática vocalista Amy Taylor. A banda é conhecida por sua energia contagiante em performances ao vivo, que cativam o público com sua mistura de punk rock agressivo e influências do pub rock dos anos 1970. Taylor descreve a música da banda como efêmera, comparando-a ao efeito temporário dos poppers, uma substância conhecida na cultura australiana.
A banda teve a responsabilidade de dar início ao festival, pontualmente às 14h, e fizeram isso com maestria. Assim que Amy pisou no palco, o público soube que estava prestes a presenciar um show explosivo. Abrindo o set com “Security”, a banda trouxe sua energia crua e visceral, com guitarras sujas e uma presença de palco caótica que rapidamente conquistou a multidão, seguida de “Doing In Me Head”, ambas faixas do aclamado “Comfort to Me” (2021).
The Warning: As Irmãs que Redefinem o Rock
A banda mexicana The Warning fez sua estreia nos palcos brasileiros como a segunda atração do evento. Formada pelas irmãs Daniela, Paulina e Alejandra Villarreal, o trio trouxe frescor e representatividade feminina ao festival. O show começou às 15h15, com a introdução “Intro 404”, seguida por “S!CK”. O setlist incluiu músicas como “Z”, “Qué Más Quieres”, “Satisfied”, “MORE”, “Sharks”, “DISCIPLE”, “Hell You Call a Dream”, “Automatic Sun”, “EVOLVE” e “Dull Knives (Cut Better)”.
Desde sua formação, a banda tem desafiado as expectativas, mostrando que talento e paixão pelo rock não têm idade nem gênero. O EP Escape the Mind (2018) e o álbum Error (2020) destacam a habilidade das irmãs em compor músicas com riffs poderosos e letras introspectivas. Sua música combina elementos de hard rock com influências modernas, criando um som único que atrai uma ampla gama de ouvintes.
A participação do The Warning no festival reforçou a representatividade feminina no rock e destacou a versatilidade do festival ao incluir bandas de diferentes vertentes do gênero. A estreia bem-sucedida do trio mexicano no Brasil certamente abriu portas para futuras apresentações no país.
Quebrando Barreiras: A Participação Feminina no Festival Punk Is Coming!
Amyl and the Sniffers e The Warning, em particular, se destacaram como protagonistas femininas que estão quebrando barreiras no rock atual. O impacto dessas bandas vai além da música, elas têm sido fundamentais na redefinição do papel das mulheres no rock, mostrando que a energia, a criatividade e a autenticidade não têm gênero.
Tanto Amyl and the Sniffers quanto The Warning desempenham papéis cruciais na redefinição do rock moderno. Elas oferecem novas perspectivas e narrativas, desafiando normas estabelecidas e inspirando uma geração diversificada de fãs e músicos. Sua música e presença de palco não apenas enriquecem o gênero, mas também promovem a inclusão e a representação feminina no rock, incentivando mais mulheres a se expressarem artisticamente e a se envolverem com a cena musical.
O Poder do Punk Clássico: The Damned
Com a chegada do The Damned ao palco, a viagem no tempo se tornou ainda mais profunda. Formados no final dos anos 70, a banda britânica é considerada um dos pilares do punk, e sua performance foi uma verdadeira lição de história. Eles trouxeram à tona clássicos como “New Rose”, uma das primeiras faixas punk a ser lançada em 1976, e “Smash It Up”, que foi recebida com um fervor que só os fãs mais dedicados sabem demonstrar.
Mesmo após tantos anos de carreira, o The Damned manteve-se relevante, com a sua atitude desafiadora e performances que não perdem um grama de energia.
Rise Against: A Combinação Perfeita de Ativismo e Música
Uma das bandas mais emblemáticas do punk melódico contemporâneo, conhecida por suas letras de protesto e ativismo, a banda não perdeu a chance de se conectar com o público e reafirmar sua postura política e social. Seu lançamento mais recente “Nod” esteve presente no setlist ao lado de alguns de seus maiores sucessos, como “Savior” e “Swing Life Away”. A interação de Tim McIlrath, vocalista, com os fãs foi visceral, e a mensagem de resistência e esperança ressoou pelo Allianz Parque.
Sublime: O Toque de Reggae e Ska no Punk
O ska punk é um gênero musical que funde a energia crua do punk rock com os ritmos dançantes e sincopados do ska jamaicano. Surgido no final dos anos 1970 e consolidado nas décadas seguintes, o ska punk tornou-se uma expressão vibrante da cultura jovem, combinando a rebeldia do punk com a alegria contagiante do ska.
Antes do Sublime, o ska punk ainda era um fenômeno underground. O sucesso comercial do álbum “Sublime” (1996) e hits como Santeria, What I Got e Wrong Way ajudaram a levar o gênero ao mainstream. A banda inovou ao não se prender a um único som, tornando o ska punk mais acessível e variado. O uso de samples, rimas de rap e ritmos descontraídos fez com que fãs de diferentes gêneros se conectassem com sua música.
Formada em 1988 em Long Beach, Califórnia, a banda era composta inicialmente por Bradley Nowell (vocal e guitarra), Eric Wilson (baixo) e Bud Gaugh (bateria). O Sublime não se limitou a combinar ska e punk; eles incorporaram reggae, hip-hop, dub e outros gêneros em sua música, criando um som distintamente californiano. Jakob Nowell, filho do falecido vocalista e guitarrista do Sublime, Bradley Nowell, assumiu recentemente os vocais da banda, marcando um momento significativo na história do grupo. Em abril de 2024, Jakob fez sua estreia oficial como vocalista do Sublime no festival Coachella, onde a banda apresentou um repertório que mesclava clássicos e novas composições. Essa formação trouxe uma nova dinâmica ao grupo, combinando a herança musical de Bradley Nowell com a visão artística de seu filho.
Durante sua apresentação, o Sublime trouxeum frescor ao festival. Clássicos como “Santeria” e “BadFish” compuseram o setlist. Apesar de alguns problemas técnicos ao longo da apresentação, a essência do Sublime permaneceu intacta. Com participação de Noodles, guitarrista do The Offspring, o estádio foi abaixo com a interação antes da banda principal entrar no palco para encerrar a noite. A colaboração ocorreu durante a execução de “What I Got”, um dos maiores sucessos do Sublime. A presença de Noodles trouxe uma energia adicional ao palco, intensificando a conexão entre as bandas e o público presente.
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The Offspring: A Culminação de um Legado
O The Offspring, com mais de 30 anos de carreira, é uma das bandas mais queridas do punk rock. Desde sua formação em 1984, a banda trouxe uma energia inconfundível ao gênero, mesclando elementos de punk clássico com a pegada mais melódica do pop-punk. Essa fusão conquistou não só fãs de punk, mas também uma audiência mais ampla, incluindo aqueles que normalmente não se sentem atraídos por sons carregados. Ao longo de sua carreira, o The Offspring se tornou uma das maiores bandas de punk rock de todos os tempos, com vendas de mais de 40 milhões de álbuns mundialmente.
Dexter Holland, como sempre, se mostrou uma figura carismática e divertida, fazendo piadas e interagindo com a plateia a todo momento. A energia de Noodles e o carisma de toda a banda mantiveram o show dinâmico e contagiante, reforçando o quanto estavam empolgados por voltar ao país. O ápice do show foi quando a banda executou “Mota”, uma das faixas mais queridas pelos fãs, tocada ao vivo pela primeira vez desde 2019.
O setlist trouxe uma sequência de hits como “All I Want”, “Come Out and Play” e “The Kids Aren’t Alright”, que fizeram o público ficar em êxtase, participando de moshpit – roda-punk – durante quase todo o show.
Participação em Trilhas Sonoras
A importância do The Offspring vai além de seus álbuns e shows. A banda teve uma participação significativa na cultura pop, com suas músicas figurando em trilhas sonoras de filmes e séries que ajudaram a definir uma geração. O impacto do The Offspring nas trilhas sonoras é um reflexo de sua habilidade em capturar o espírito rebelde da juventude e a cultura alternativa. Um dos momentos mais marcantes aconteceu com a inclusão de “The Kids Aren’t Alright” e “Come Out and Play” em filmes e programas de TV, que ajudaram a solidificar a imagem da banda como a voz de uma geração que estava questionando as normas sociais e culturais.
Esse tipo de conexão com grandes franquias cinematográficas e séries fez com que o The Offspring não fosse apenas uma banda do gênero punk, mas uma parte integral da cultura pop daquele período.
Veja as Soundtracks que marcaram a trajetória da banda nas telas:
O legado do The Offspring no mundo do punk é indiscutível. A banda foi uma das principais responsáveis por popularizar o punk melódico no final dos anos 80 e durante os anos 90, período em que o gênero passou a ser mais aceito pelas massas. A inclusão de estruturas mais acessíveis nas músicas do The Offspring atraiu uma audiência que, até então, talvez não tivesse interesse em outras vertentes mais agressivas do punk. Isso possibilitou que a banda quebrasse barreiras e se tornasse uma das mais bem-sucedidas do gênero.
Ao longo de sua carreira, a banda não só fez história, mas também ajudou a perpetuar a mensagem de resistência do punk, mantendo vivo um legado de mais de 30 anos de contribuições significativas para a música e para a cultura.
O setlist foi uma viagem nostálgica pelos maiores sucessos da banda, incluindo “Self Esteem”, “Want You Bad” e “Pretty Fly (for a White Guy)”. Em “Why Don’t You Get a Job”, bolhas infláveis passaram por toda a plateira que estava presente na pista, criando um ambiente ainda mais imersivo e memorável. Além dos clássicos, o grupo apresentou faixas do álbum mais recente, Supercharged, lançado em outubro de 2024, e um mashup de clássicos riffs na guitarra: Smoke on the Water / Man on the Silver Mountain / Iron Man / Back in Black / In the Hall of the Mountain King.