Foto: Victor Vargas | Glowpop
Banda leva público ao delírio em show repleto de energia e sinalizadores, com um repertório para fãs de todas as fases
Em pleno Dia das Mães, o System of a Down fez do Allianz Parque um santuário do rock e da celebração coletiva. O tempo colaborou, o público respondeu com fervor e a banda — mesmo após anos sem lançar material inédito — provou mais uma vez por que ainda é uma das formações mais poderosas no mercado musical.
A abertura ficou por conta da banda Ego Kill Talent, que enfrentou uma leve chuva, mas compensou com entrega e presença. O set teve participação da guitarrista Jessica Falchi, convidada ao palco pela vocalista Emmily Barreto, que também aproveitou o clima para fazer uma homenagem sincera às mães ali presentes — gesto que emocionou o público e preparou o terreno emocional para o que viria a seguir.
Em uma avalanche sonora, o System of a Down iniciou a noite com a pancada de “X”, seguida por “Suite-Pee”, “Prison Song” e “Aerials”, em uma sequência que já deixou o público completamente entregue. Sob fervura, a pista foi tomada de moshpits e gritos, transformando o Allianz em um organismo pulsante, comandado pelas vozes de Serj Tankian e, principalmente, Daron Malakian, que assumiu o protagonismo no decorrer do show com carisma e energia de sobra.
O setlist foi um verdadeiro presente para os fãs mais devotos. Pérolas raras como “36”, “Pictures” e “Highway Song” apareceram como surpresas no repertório, levando parte do público ao êxtase. Em meio a clássicos como “Needles”, “Deer Dance”, “B.Y.O.B.” e “Chop Suey!”, a banda ainda entregou preciosidades como “Peephole”, “ATWA”, “Spiders” e a emocional “Roulette”, criando uma jornada sonora que oscilava entre agressividade e melancolia com naturalidade absurda.
Daron Malakian, guitarrista da banda, pausou o espetáculo para prestar homenagem ao Dia das Mães, lembrando com carinho de sua própria mãe e estendendo a reverência a todas as demais presentes, gesto que ecoou o tributo feito mais cedo pela vocalista da banda de abertura, e reforçou o tom afetivo de uma noite marcada por intensidade e conexão.
O ápice emocional e visual veio em “Toxicity”. Antes do momento mais elétrico da música, Daron se dirigiu novamente ao público: “Como não podemos usar pirotecnia no palco, queremos que vocês tragam o fogo para o estádio”. Foi a senha para que uma onda de sinalizadores tomasse o estádio, tingindo o céu com luzes vermelhas enquanto rodas punk explodiam pela pista, tornando uma experiência coletiva transcendental.
Na sequência, “Sugar” veio como um verdadeiro encerramento apoteótico. A última música do set — e a mais caótica — selou a noite com todos no limite: de voz, de fôlego e de emoção. O estádio virou um caldeirão fervente até os últimos acordes, encerrando com brutalidade e celebração um dos maiores shows que São Paulo já recebeu.
O System of a Down entregou mais do que um show: entregou um momento. Um encontro raro entre quatro músicos que parecem se entender mais pelo instinto do que pelas palavras, e um público que correspondeu com corpo, alma e suor. Em uma noite de homenagens, energia e pertencimento, o Allianz Parque foi palco de uma daquelas noites que não se esquecem — se sentem, se vivem, se guardam pra sempre.

A banda sobe ao palco novamente na quarta-feira, 14 de maio, no Allianz Parque, para o último show da turnê “Wake Up!” — uma despedida que promete ser tão intensa quanto a noite histórica deste domingo.