Garbage e L7 no Rio de Janeiro: uma noite de nostalgia grunge

Foto: @tadeufotografia / Whiplash

Na noite de 21 de março de 2025, o Rio de Janeiro foi palco de um encontro histórico entre duas lendas do rock alternativo. ​ Garbage e L7 dividiram o mesmo evento em uma noite marcada por atitude, potência e nostalgia. Ambas as bandas, fundamentais para a ascensão do grunge feminino nos anos 90, trouxeram ao Brasil essa turnê conjunta que vem arrastando multidões e reforçando o impacto duradouro de suas carreiras. E na noite de ontem, foi a vez da cidade maravilhosa proporcionar aos fãs essa experiência inesquecível.

L7: a fúria e a energia que nunca se apagam

Abrindo a noite com a força que lhes é característica, a banda L7 entregou um show carregado de fúria e irreverência, transportando o público direto para a essência do movimento grunge. Donita Sparks e sua gangue incendiaram a plateia com uma sequência de músicas que resgatavam toda a energia bruta da banda.

Com o peso das guitarras e a visceralidade dos vocais, a banda subiu ao palco pontualmente às 20h30, com energia contagiante das integrantes foi rapidamente quebrada qualquer timidez inicial da plateia, que já foi ao delírio com “The Beauty Process” e “Monster”, assim a banda já mostrava para que veio, seguindo o show com chuva de hits como “Stadium West”, “Andres” e “Everglade”, o palco atingia uma atmosfera diferenciada.

Mas o momento mais emblemático veio com “Pretend We’re Dead”. Durante essa canção, os integrantes do Garbage invadiram o palco, pulando e cantando junto, em um gesto que reafirmou a conexão entre as duas bandas. A cena ficou ainda mais simbólica ao lembrar que Butch Vig, baterista do Garbage, foi o produtor do lendário disco “Bricks Are Heavy”, responsável por impulsionar o L7 ao mainstream nos anos 90. O público, em êxtase, devolveu toda essa energia com uma recepção calorosa, provando que o amor pela banda permanece vivo em solo brasileiro.

Já na reta final da apresentação, Donita Sparks expressou seu carinho pelo Brasil antes de emendar “Shitlist”, seguida de “Fast and Frightening” no bis, encerrando a apresentação de forma apoteótica.

Garbage: uma aula de presença de palco e entrega emocional

Após a apresentação explosiva de abertura do L7, o Garbage tomou conta do palco ao som de “Laura Palmer’s Theme”, do clássico Twin Peaks de David Lynch, criando um clima de mistério e antecipação. Assim que Shirley Manson surgiu, envolta em sua presença magnética, ficou claro que o público estava diante de uma performance inesquecível.

Dona de uma voz intensa e uma presença de palco hipnotizante, Shirley estava pronta para comandar a noite com maestria, diante disso com “Queer” e “Fix Me Now” foram as músicas escolhidas para incendiar o público no primeiro momento, mas nem parecia ter 20 minutos de show, que logo em “The Man Who Rule the World”, Shirley já tinha o público na mão.

Em seguida, enquanto “Wicked Ways” surpreendeu com um trecho de “Personal Jesus”, do Depeche Mode, adicionando um toque especial ao show, assim a apresentação seguia a pleno vapor, e a grande reposta do público veio quando, “Special”, “Stupid Girl” e “Only Happy When It Rains” foram executadas, pois diante de músicas que marcaram uma geração da MTV nos anos 90, o público cantava letra por letra, deixando Shirley e seus companheiros de banda emocionados.

Antes da apresentação se encaminhar para o final, Shirley fez um discurso para lá de emocionante e forte. Shirley falou sobre o amor e a importância da banda L7 para o cenário musical, sobre a força feminina em uma banda como foi importante para a evolução musical pessoal, comentou:

“Ter o L7 essa noite conosco, é uma das maiores honras da nossa carreira, como uma mulher do rock n roll, eu não divido palco com muitas mulheres, dividir palco como lendas do L7, é extraordinário, muito tempo atrás antes do Garbage, eu estava sentada na casa da minha melhor amiga, e ainda me lembro disso, a música “Pretend We’re Dead” começou a tocar na rádio, e lembro de dizer, “isto é tão bom” e virei para minha melhor amiga e disse que gostaria que alguém me fizesse soar assim, e o resto é história”

De fato, logo depois se juntou com Butch Vig, um dos grandes responsáveis pela sonoridade grunge dos anos 90, pois das mãos dele, nasceu álbuns de estúdio como “Nevermind“, “Dirty” do icônico grupo Sonic Youth, entre outros grupos, e assim encerou o discurso desejando muito amor e respeito as meninas do L7, e agradecendo como mudaram a maneira dela de ver a música e que jamais verão alguma outra banda como elas.

Se direcionando ao ponto final do show, “Push it” veio com força total antes da banda dar uma leve pausa para o BIS, e logo mais para encerrar a noite com chave de ouro, um dos momentos mais marcantes aconteceu durante “When I Grow Up”, quando Shirley desceu do palco e caminhou pelo meio da multidão, interagindo diretamente com os fãs, tirando fotos e distribuindo abraços. O gesto reforçou a conexão única que a banda tem com seu público e tornou a apresentação ainda mais memorável.

A noite no Rio de Janeiro foi muito mais do que apenas dois shows. Foi um encontro entre gerações, um lembrete do impacto que o grunge feminino teve na música e um testemunho da vitalidade dessas bandas, que seguem lotando casas de shows ao redor do mundo. L7 e Garbage mostraram que, décadas depois, ainda são capazes de entregar apresentações explosivas e emocionantes, mantendo viva a chama do rock alternativo.

Para os fãs que estiveram lá, fica a certeza de ter presenciado algo único: uma celebração de atitude, autenticidade e resistência. Um verdadeiro hino ao espírito do grunge.

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